Prevalência de transtornos mentais comuns em estudantes universitários da Universidade Federal da Bahia, Brasil.
DOI:
https://doi.org/10.61224/2525-5045.2023.1101Palavras-chave:
Transtornos Mentais. Saúde Mental. Ensino Superior. Universidades.Resumo
Introdução: A literatura discorre que a vivência acadêmica é um período de grandes descobertas, aprendizagens e de construção de laços afetivos e sociais. Entretanto, estudos descrevem frequentemente a trajetória no ambiente universitário como um período de sobrecarga de estresse, sofrimento psíquico e de atenuação dos transtornos mentais comuns. Objetivo: Estimar e analisar a prevalência de suspeição dos transtornos mentais comuns em estudantes universitários de graduação nos campi da Universidade Federal da Bahia, localizados em Salvador, no ano de 2021. Método: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de corte transversal, do tipo analítico exploratório. A coleta de dados consistiu na aplicação em ambiente virtual dos instrumentos: Questionário Socioeconômico-demográfico e das Condições de Ensino-Aprendizagem e Self-Report Questionnaire. Os dados foram submetidos à análise quantitativa utilizando-se o software SPSS e considerou-se o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05) para a associação estatisticamente significante. Resultados: Participaram deste estudo 509 graduandos, sendo 71,2% do gênero feminino e 27,9% do gênero masculino, com idade média de 24,06 anos (DP=6,566). Ademais, constatou-se uma prevalência para a suspeição de transtornos mentais comuns de 78,6% (IC95%: 10,08-10,92) da amostra, observada com maior percentual em estudantes do gênero feminino (83,9%). Conclusão: Diante disso, aponta-se para a relevância da prevalência dos transtornos mentais comuns bem como a necessidade de condutas institucionais e estratégias públicas de cuidado em saúde mental que proporcionem o bem-estar biopsicossocial dos discentes.
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